Deus me deu uma imagem e que eu deixei evoluir. A imagem de um menino que depois de uma tempestade violenta, pela manhã, ele saiu na varanda da fazenda e gritou com o seu avô:
– Vovô! Corre aqui, venha ver que interessante! Como é que o senhor me explica que essa figueira tão grande e forte, uma árvore dessa que precisava quatro homens para abraçar o seu tronco de tão forte que ela era, como é que essa figueira tombou vovô? O vento derrubou a figueira, mas como é que aquele pezinho de bambu tão fininho não caiu?
O avô colocou o netinho no cangote, levou-o até a figueira e mostrou a figueira.
– Nossa vovô ela está oca!
– É, com o tempo a figueira foi ficando oca.
– Como? Não parecia!
– É por causa da casca, meu filho! Tinha uma casca muito grande e escondia o oco. Você olhava a figueira e só via a aparência. Achou que era muito importante veio o vento e bummm…
– É vovô, mas o bambu também é oco!
O avô levou o menino até o bambu e disse:
– A primeira diferença: O bambu sabe que é oco desde pequeno. Então a primeira coisa que o bambu nos ensina é que desde pequenos somos ocos. O que significa isso? Vazio para poder encher-se de Deus.
O bambu, sabendo que é oco e que é fraco, toma alguns cuidados.
A segunda coisa que o bambu nos ensina é que nossa vocação é o céu. Todo bambu só cresce para o alto, ele sobe, você também. Ou você cresce para o alto ou a tempestade vai lhe derrubar. Eu preciso ter uma meta. E é no alto que está a nossa meta. Somos cidadãos do céu. Mas tem mais uma coisa: se ele quer crescer muito, precisa ter raízes profundas e por isso ele vai se alastrando. O tanto que o bambu cresce para cima ele vai também se alastrando na terra, fincando raízes profundas e vai brotando, enchendo em seu redor. Em Bethânia eu tenho um bambu chinês que levou alguns anos começar a crescer. Ele leva muito tempo só criando raízes. E é nisso que o bambu nos ensina, que se eu quero chegar lá no alto, eu preciso ter raízes sadias e fortes. O que significam raízes? Raiz é aquilo que temos escondido.
A árvore, com o tempo vai envelhecendo, e as raízes começam a aparecer. Conosco também é assim. As raízes são os vícios que vamos escondendo. Eu tenho que deixar a graça de Deus penetrar em cada uma das minhas raízes. A raiz é minha fé solidificada e alimentada pela leitura contínua e constante da Palavra de Deus. A raiz é alimentada por um grupo que me sustenta e me fortalece.
O bambu ainda nos ensina uma quarta coisa: Se eu quero crescer para cima eu não posso criar galhos e por isso o bambu não cria galhos como a figueira. Criar galhos significa dispersar nossos dons e nossos talentos em coisas que não devem. Quantas pessoas se enroscam na vida porque estão sempre amarradas em alguém ou em alguma coisa. Quanto mais galhos eu tiver mais dolorosa será a poda. Os galhos são as coisas que vamos acumulando e se apegando. A maioria dessas coisas não precisaríamos ter, são apegos desnecessários. Quanto menos coisas a gente tiver, mais livre será.
Um sujeito foi procurar um mestre Guru para pedir ajuda. Chegando lá e casa dele era uma tenda. O mestre convidou-o a entrar, ele entrou, ficou olhando admirado, tinha um colchão no chão, duas cadeiras, duas pedras, em cima uma panela, mais nada. Ele ficou impressionado com aquilo, perguntou para o mestre onde estavam as suas coisas. O mestre deu uma risadinha e fez a mesma pergunta.
– Ah, mas eu estou aqui de passagem!
– Eu também.
Nós estamos aqui de passagem e se queremos crescer para o alto é preciso cortar os galhos. Crescer para o alto cortando as galhadas significa investir a minha vida, e isso vale para tudo. Quantas famílias estão cheias de dívidas e cheias de problemas porque não se unem. O bambu é oco desde pequeno, querendo crescer para o alto ele cria raízes profundas, e não cria galhos.
Se olharmos bem de perto para um bambu, vamos perceber uma quinta coisa que ele nos ensina, que são os nós. O bambu cria nó, e enquanto ele é mais frágil os nós são mais pertos um do outro. A partir do momento que ele vai ganhando resistência os nós vão se distanciando e ficando mais fortes. Os nós são os obstáculos e cada problema que eu supero na vida vai me tornando uma pessoa mais forte.
Se o bambu não tivesse nós, ele seria lindo! Parecia um cano de PVC, mas na primeira ventania ele racharia de cima até embaixo. É o nó que dá resistência ao bambu, é o nó que faz o bambu ser forte e firme. Cada nó significa um problema resolvido, um obstáculo vencido. Cada nó significa uma pessoa que eu perdoei. E cada vez que eu perdôo e cada jejum que eu consigo fazer significa um nozinho se formando e esse nozinho vai amarrando e dando consistência. Eu preciso aprender com os nós que significam dificuldades superadas. Problemas todos nós temos e precisamos aprender a assimilá-los e não fugir deles. O mundo de hoje nos ensina a fugir dos problemas, mas Jesus nos ensinou com sua pedagogia. Muitas vezes precisaríamos nos prostrar e chorar nossas mágoas diante do Senhor.
No livro de Samuel 1, temos uma oração linda de cura interior. Ana rezando, e quando o sacerdote pergunta se ela está bêbada, pelo jeito que ela rezava. Ela respondeu que não estava bêbada, pois não havia bebido nenhum tipo de bebidas, mas estava derramando a sua alma na presença do Senhor. E você derrama sua alma na presença de quem?
A nossa caminhada é feita de etapas e cada problema deve ser resolvido um de cada vez. Se você tiver trinta pratos para lavar, você vai ter que lavar um da cada vez. E cada etapa vencida precisa ser celebrada.
A cura interior é um processo diário.
Ainda o bambu nos ensina uma sexta coisa que o avô falou para o menino.
– Olhe aqui meu filho. Esse bambu está só?
A primeira coisa que o bambu faz quando começa a crescer é deixar o vento jogar sementes ao seu redor. Bambu cresce só em touça. E essa touça é muito grudada, porque nenhum deles tem galhos e por isso vão se grudando um no outro. Por isso quando olhamos de longe para uma touça de bambu, parece maior que uma figueira e essa touça é muito grudada.
Primeiro: Porque nenhum deles tem galhos.
Segundo: Todos eles têm raízes profundas.
Terceiro: Porque todos eles têm uma meta que é crescer para cima.
Quarto: Todos eles sabem que são ocos.
Quinto: Todos vão se grudando um no outro, porque aprenderam a fazer isso consigo mesmo. Quem aprendeu a superar os nós, sabe também se apoiar um no outro. O bambu se apóia em si mesmo pelos nós. Sabemos que problema superado é vitória garantida. Quem não consegue cortar os galhos, não consegue caminhar. Por quê as pessoas não conseguem viver em comunidade? Os galhos são aqueles melindres bobos que temos por qualquer coisa. É aquele emprego que você perdeu e fica o resto da vida se lamentando. Só não vive em touça quem tem galhos demais, porque o galho de um cutuca o outro.
A primeira coisa que o bambu me ensina é que nasci oco, e nasci oco para ser cheio do Espírito Santo.
O bambu nos ensina a ter uma meta, crescer para o alto, nossa meta é o céu. E para crescer para o alto é preciso ter raízes profundas, curadas e saradas. E para isso eu preciso cortar os galhos. E quais os galhos que eu preciso cortar? Os vícios, as vaidades, o exagero. E com isso transformar os nós em problemas superados e que vão criando a minha resistência. É aprender a viver em touça. E por sétimo o bambu nos ensina que em Deus tudo é perfeito.
O menino desceu do cangote do avô, o avô pegou um bambu, entortou até o chão, soltou e o bambu voltou ao seu lugar. Essa é uma grande lição do bambu. É ter a humildade de se curvar na hora da tempestade.
Todos nós precisamos nos curvar, e para nos ensinar isso o primeiro a se curvar foi Jesus no Getsêmani.
Jesus pediu ao Pai: “Se é possível afasta de mim esse cálice. Mas se não é possível que esse cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. Na oração de Jesus ele saiu do desejo, do querer e foi para a vontade, e a vontade deve ser treinada, a vontade é na garra e na luta. Oração de cura interior é treinar a minha vontade para Deus. É ter a coragem de se prostrar e dizer: “Meu Deus! Eu preciso da tua graça. Meu Deus! Dai-me a graça de aprender com o bambu. De crescer em touça, de perder os galhos, as desnecessárias. Dê-me a graça Senhor de ser cada vez mais oco para poder encher-me do teu amor.”
Obs: transcrição conforme original de palestra realizada em acampamento na Comunidade Canção Nova
Fonte: www.bethania.com.br
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