O Mês da Bíblia surgiu em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, MG. Foi levado adiante com a colaboração do Serviço de Animação Bíblica das Paulinas (SAB), até posteriormente ser assumido pela Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) e estender-se ao âmbito nacional.
- Contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia, na ação evangelizadora da Igreja, no Brasil;
- Criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação;
- Facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades.
Seu objetivo não é:
Restringir-se às celebrações litúrgicas – muito pelo contrário! A Palavra de Deus já é muito bem valorizada em cada Celebração Eucarística pela sua proclamação, meditação e atualização no decurso da Liturgia da Palavra. Em outras palavras, os ritos litúrgicos, quando bem executados, já reconhecem à Palavra de Deus a sua dignidade. A intenção do Mês da Bíblia é fazer com que a Palavra de Deus seja tão valorizada na vida pastoral da Igreja e no ambiente familiar como desde sempre ela o fora no contexto litúrgico.
Desse modo percebe-se que não é preciso – nem permitido – transformar as celebrações eucarísticas do mês de setembro em “celebrações da Bíblia”. Ao contrário, deveremos procurar meios de conscientizar os membros de nossas assembleias que a Palavra de Deus deverá ser lida, meditada, rezada, celebrada e vivida também fora das celebrações.
Não raramente o mês da Bíblia se transforma do mês da “entrada” da Bíblia. Finda a oração do dia, ou mesmo depois da saudação do sacerdote, uma Bíblia ou um Lecionário é levado até o presbitério, por vezes o Evangeliário antes ou durante o Aleluia. Pode ser de maneira simples, com alguém andando pelo corredor central, pode ser cercada de velas, ou com balé, dentro de um coco, com uma menina sobre um “andor”, com música e movimentos de capoeira, dentro de um carrinho de mão… nós sabemos muito bem como as equipes de liturgias e os folhetos litúrgicos sabem ser “criativos”.
E é assim que o mês da Bíblia vira o mês da entrada da Bíblia, assim como em maio tem a entrada de Nossa Senhora, Junho do Sagrado Coração de Jesus. E toda a riqueza do rito romano se resume a “entradas” temáticas, convertendo-se em pedagogia; e pedagogia velha: a mesma que adora umas plaquinhas com coisas escritas, comentários mais longos que as orações às quais deviam servir de introdução e alguém falando “de pé” e “sentados”. Se na sua paróquia não tem nada do que foi mencionado nos últimos dois parágrafos, agradeça porque existem paróquias no Brasil em que mais se explica do que se reza, algo de dar inveja a Calvino!
Voltando à vontade legítima de dar destaque aos textos bíblicos, poderíamos citar algumas possibilidades lícitas e louváveis. A primeira é o uso do livro dos Evangelhos ou evangeliário, é um livro distinto do lecionário, que contém apenas os evangelhos dos domingos e principais solenidades.
Se se deseja usar o evangeliário em outro dia, pode-se “vestir” um lecionário, que contém os evangelhos de todos os dias como o evangeliário, com sua capa ricamente decorada. O evangeliário é levado um pouco elevado na procissão pelo diácono, na sua falta pelo leitor e posto sobre o altar. O evangeliário toma lugar na procissão entre clérigos e leigos, se o diácono que o leva deve ser o primeiro dos diáconos, se o leitor, o último dos leitores. Ele pode ser posto “deitado” ou “de pé” sobre o altar, desde que não haja risco de ele vir a cair naturalmente.
Durante a aclamação ao Evangelho, o diácono, na sua falta o próprio sacerdote, vai até o altar, faz reverência e toma o livro e, omitindo-se nova reverência, e o leva para o ambão de maneira solene.
Nas igrejas menores em que o ambão está muito próximo do altar, convém fazer um caminho mais longo para ressaltar a solenidade do Evangeliário. Nessa procissão tomam lugar ainda o incenso e dois castiçais que tomam lugar nessa ordem à frente do evangeliário. Vale ressaltar que se usam os castiçais, mesmo que já esteja ali o círio pascal aceso (como acontece no tempo pascal, exéquias e batismos).
No ambão, abre-se o livro. Diz-se a introdução e imediatamente antes do início do texto bíblico ele é incensado. Durante toda a proclamação, os castiçais com velas acesas permanecem junto do ambão.
Ao fim da proclamação, o diácono beija o livro ou, se for o Bispo a celebrar, pode levar o livro para que o Bispo o beije e abençoe o povo com o livro. O povo se inclina como que para a bênção final e traça sobre si o sinal da cruz.
Salvo se for ordenação de diácono ou de bispo, o evangeliário retorna à sacristia. Além da procissão de entrada e durante a aclamação ao Evangelho, não se leva este livro em nenhuma outra procissão. O lecionário nunca é levado em procissão, salvo no rito de dedicação de igreja quando os leitores e o salmista levam-no até o Bispo e este, dizendo a fórmula “A palavra de Deus ressoe sempre…” o introduz na igreja a ser dedicada, o devolve ao primeiro leitor que o coloca no ambão. Essa é a única “entronização da Palavra” que existe.
A Bíblia propriamente dita nunca se leva em procissão, ela pode e é louvável que esteja presente na igreja, mas não toma parte dos ritos litúrgicos.
Dentro da liturgia existem ainda outros pequenos costumes que podem ressaltar as sagradas escrituras, como colocar o evangeliário deitado sobre o altar e, sobre ele estender o corporal e ali colocar o ostensório. Existe outros pequenos gestos, frutos de uma sadia criatividade que não deturpa o Rito, ao contrário, o enriquece.
Sugestões para o mês de setembro:
1º valorize-se ainda mais os ritos próprios da liturgia da Palavra: Procissão de entrada da missa com o Evangeliário levado solenemente pelo diácono, ou, em sua falta, pelo leitor – logo, sejam evitadas (ou, preferencialmente suprimidas) as “entradas da Bíblia” antes da Liturgia da Palavra; a mesa da Palavra poderá ser valorizada com um arranjo floral mais vistoso junto a ela;
2º proclamação da Palavra de Deus por leitores bem preparados espiritualmente e também quanto à técnica;
3º valorização, no momento dos avisos, das atividades pastorais pertinentes ao mês da Bíblia, como formação sobre o livro bíblico estudado (neste ano, o Evangelho de Marcos), círculos bíblicos, etc.
4º conscientização da comunidade, por parte do presidente da celebração, que o Mês da Bíblia deverá ser um despertar para o valor da Sagrada Escritura lida, meditada, rezada e vivida individualmente, em família e comunitariamente durante todo o ano (e não apenas neste mês de conscientização). Também poderá ser feita, neste sentido, uma das intenções da Oração dos Fiéis em cada final de semana.
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