Vamos meditar um minuto sobre a humildade e a
fortaleza de Maria?
O Papa Paulo VI, em uma bela inspiração, disse um
dia que “se não compreendermos o mistério de Maria não podemos compreender o
mistério de Cristo”. De fato, Jesus e Maria são dois mistérios inseparáveis.
Muitos teólogos perguntaram por que foi Ela, e não
outra mulher, a escolhida de Deus para ser a Mãe do seu Filho humanado. Ela
mesma responde no Magnificat – “Ele olhou para a humildade de sua serva, por
isso todas as gerações me chamarão de bem-aventurada”” (Lc 1,48).
O mistério e o segredo de Maria estão na sua
humildade. Ela é a nova Eva, que com sua humildade e obediência desatou o nó da
soberba e da desobediência da primeira. Mas para isso, Ela teve de passar pelo
vale da morte com Jesus. Nenhuma mulher neste mundo sofreu como Ela. Desde a
Apresentação do seu Menino Deus no Templo, o velho profeta já lhe avisou que
“uma espada atravessará a sua alma”.
Somente a mulher mais humilde da humanidade poderia
suportar na fé, sem murmurações, tanta dor e sofrimento que Ela padeceu.
Somente a mulher mais humilde poderia confiar absolutamente em Deus e nos seus
“estranhos” desígnios para Ela e para Seu Filho divino.
Confiar em Deus foi muito mais do que dizer SIM ao
arcanjo Gabriel e aceitar ser a Mae do Salvador. Não lhe fez nenhuma exigência
e nenhuma pergunta que mostrasse desconfiança, ao contrário, colocou-se como a
“Serva do Senhor”, pronta para fazer incondicionalmente a Sua santa vontade.
Dentro de pouco tempo sua fé é suportada pela sua
imensa humildade diante de um Deus que deixa seu Filho amado nascer em uma
gruta fria, em estábulo de animais, e colocado numa manjedoura onde os animais
comiam. Que paradoxo! O Rei do mundo não tem um berço para nascer, não tem uma
casa para se abrigar.
Ela poderia ter dito: eu aceito ser a Mãe do Filho
de Deus, aceito o que vier pela frente, mas… num estábulo, eu não quero que Ele
nasça. Não por mim, mas por Ele. Não é mesmo? Imagine! Mas não, Maria aceitou a
vontade “misteriosa” de Deus, sem nada questionar, até as últimas
consequências.
Se a humildade de Maria não fosse gigantesca, ela
não suportaria tudo isso, poderia se desesperar, blasfemar contra o céu… no
entanto, Ela era a mais humilde e submissa criatura desta terra. Ela confiava
sem questionar. Por isso Ela foi a escolhida, e não outra mulher.
Logo em seguida, no meio da noite, teve de fugir
para o Egito para evitar a morte do Menino. Não questionou a palavra de José,
não quis saber sobre a aridez do caminho e nem as dificuldades a enfrentar na
travessia do longo deserto do Sinai, e o que seria deles numa terra estranha… A
mulher mais humilde curvou-se ao duro desígnio de um Deus que permite que Seu
Filho amado seja perseguido logo cedo. A mulher mais humilde não interrogava a
Sabedoria eterna, apenas obedecia a Sua voz, não é de sua conta saber o que Ele
faz. Ele sabe o que faz, e por que faz. Sou a Serva do Senhor! A serva só
obedece, nada mais.
Que outra
mulher aceitaria tanta “humilhação” sendo a Mãe do Messias esperado pelas
nações, “o mais belo dos filhos dos homens”? Só Ela mesma.
E quantos
sofrimentos e humilhações mais Ela teve de suportar para que Seu amado Filho
pudesse nos salvar.
Que outra
mulher suportaria na fé ver Seu Filho divino jurado de morte pelos doutores da
Lei?
Que outra
mulher suportaria, numa confiança absoluta em Deus, ver Seu divino Filho
julgado e condenado como um facínora, um bandido, flagelado até o sangue,
coroado de espinhos?
Que outra
mulher suportaria ver Seu Filho divino carregando a Sua Cruz para ser nela
imolado, diante de seus olhos?
Que outra
mulher estaria ali de pé, diante do Seu Filho divino crucificado, morrendo de
dor na morte mais horrível que se possa imaginar?
Que outra
mulher não arrancaria os seus cabelos, e não renegaria o Seu Deus, e a Sua fé?
Só mesmo a
Mulher mais humilde da humanidade poderia suportar, na fé que move montanhas,
um desígnio tão “estranho” do Pai do Seu divino Filho.
Por isso,
Ela foi a Mulher escolhida por Deus, outra não suportaria tanta dúvida e tantas
“contradições”. Ela teria que ser uma Mulher totalmente esquecida de si mesma,
que desapareceu aos seus próprios olhos, que renunciou a si mesma e tomou a
Cruz do Seu Filho a cada dia, que desapareceu para que Ele aparecesse e nos
salvasse.
Só mesmo a
mais humilde das mulheres poderia cumprir essa missão. Na Sua humildade estava
toda a sua fortaleza, porque “Deus resiste aos soberbos, mas dá a Sua graça aos
humildes” (1Pe 5,5).
Quantas
lições Ela nos deu com seu silêncio e resignação!
Acima
citamos só algumas, mas deixamos essa meditação em aberto para você continuar…
Meditemos e
aprendamos com Maria!
Prof.
Felipe Aquino
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